Estou migrando meus blogues e perfis para um único lugar.
Assim, esse blog continua por um tempo disponível aqui, depois se unirá a outros dois em:
Quando estou prosa, verso, ato, grito. (www.fernandoproseando.blogspot.com)
Fernando Reclamando em Prosa e Verso
prosa e verso, conforme soar ao ouvido de quem lê
31.10.12
17.10.12
Fraternidade - Um sermão na capelinha
A igrejinha de 1772, não é sede e sim capela. Por isso nem sempre tem padre lá dentro. As tardias beatas da vila, os novatos carismáticos, o povo de sempre e um padre puxando a celebração. Ocorre que o velho era já nada novo e anunciava a aposentadoria. Por acaso fui à missa naquele dia, já andava enjoado de ir uma vez por ano, acumulei mais uma ida, 2009 já contava com três ou quatro visitas minhas. Lá dentro é geralmente mais quieto que fora.
O que vale do causo é o seguinte:
Ninguém compreendia o sermão. O padre falava, olhava para todos e só encarava um punhado de gente fazendo cara de paisagem, porque entender mesmo, necas de pitibiriba... Antiga vila que derretia baleias inteiras para extrair o seu óleo, produto que precede a civiliação e possibilitou a luz elétrica e até os blogs e computadores, pela sua ousadia e riqueza a Armação do Pântano do Sul possuía uma capela mais igrejinha que as capelas de outras vilas. O padre mais ia até sede do conselho, menos até a capela, números. Ele contava o que pensava sobre as coisas inventadas pelo homem e o que era criado por Deus, mais importante segundo o padre. Eu meio que sorria e vez por outra olhava também pelo entorno, sorrindo, achando graça, essa que se acha quando algo verdadeiro acontece e nos aclara as ideias. Tentava um assentimento, um compartilhamento. Mas pro meu ver também só mostravam paisagens estampadas na cara. Só o padre, já que a capela que é igrejinha deixa a gente perto, vez por outra me olhava e, entendimento meu, esboçava um sorriso aliviado, como quem pensa que dois ou três estão entendendo e então já valeu a missiva.
Sem muito falar com o peso de palavras sérias de pai, mais com dizer de prosa, de conversa na sala, o pai emprestado desdizia um punhado de coisas, quase todas as coisas que padres sempre dizem, que a igreja sempre diz. Trocava tudo por um conceito, qual seja: Fraternidade
Assim falava ele.
Cantar não é preciso, nem baixo, nem alto. Isso é a parte da festa, da celebração. O homem inventou isso, não foi Deus, Ele não precisa disso e nem está preocupado com o canto, isso não muda nada. Rezar, também não precisa, não muda nada. Se rezar fizer bem, faz a você, Deus não precisa de reza. Pedir, suplicar, fazer promessa... nada, coisa inventada pelo homem. Deus vê tudo, você não precisa avisar a Ele. Tua religião não importa, o homem criou as religiões, Deus não está preocupado com a tua religião. Vir a missa, não precisa, pode ficar em casa, missa é invenção do homem, Deus não criou a missa. Se você tem mais facilidade de se acalmar, de apaziguar a alma estando na igreja, com outras pessoas, rezando e cantando para se sentir perto de Deus, ótimo, venha. Gosta de outro tipo de templo, ou de casa. Gosta de outro tipo de celebração, vá, ou não vá. Isso não importa. Mas Deus não vai te dar algo em troca por isso, isso não vai te salvar ou condenar, não há nenhuma importância nisso para Deus, só para você... e assim é tudo que cerca o que você vê aqui, inclusive eu.
Naquela missa a igreja estava lançando a campanha da fraternidade do ano de 2009 cujo lema era Fraternidade e Segurança Pública. Programações e coisarada que envolvem esse evento anual católico. E o padre, que ia se aposentar, talvez motivado por isso, já que os chefes não poderiam mais lhe encher os pacovás, perdoava a gente de tudo, livrava de tudo. Fraternidade, só isso. Nenhum dogma, nenhuma doutrina, nenhuma obrigação para seguir. Fraternidade, segundo o padre, o único mandamento vindo de Deus. Nenhum outro mandamento, só esse. Frizava, único. Todo o resto, segundo o padre, inventados pelo homem. Podem até ser bonitinhos, mas completamente humanos, desnecessários para Deus. Encerrou o sermão olhando para os fiéis, geralmente infiéis e quase sempre com cara de paisagem dizendo que, qualquer um que estivesse por ali, incluindo os músicos, ou que sentisse alguma obrigação de rezar, confessar e essas coisas que são da igreja para ter a sua salvação, podia ir para casa tranquilo, pois nada disso afeta a Deus, nada.
Fraternidade.
Fiquei feliz, abençoado, livre. Terminou a missa. Deus continua lá e eu cá. Um dia a gente se encontra.
O que vale do causo é o seguinte:
Ninguém compreendia o sermão. O padre falava, olhava para todos e só encarava um punhado de gente fazendo cara de paisagem, porque entender mesmo, necas de pitibiriba... Antiga vila que derretia baleias inteiras para extrair o seu óleo, produto que precede a civiliação e possibilitou a luz elétrica e até os blogs e computadores, pela sua ousadia e riqueza a Armação do Pântano do Sul possuía uma capela mais igrejinha que as capelas de outras vilas. O padre mais ia até sede do conselho, menos até a capela, números. Ele contava o que pensava sobre as coisas inventadas pelo homem e o que era criado por Deus, mais importante segundo o padre. Eu meio que sorria e vez por outra olhava também pelo entorno, sorrindo, achando graça, essa que se acha quando algo verdadeiro acontece e nos aclara as ideias. Tentava um assentimento, um compartilhamento. Mas pro meu ver também só mostravam paisagens estampadas na cara. Só o padre, já que a capela que é igrejinha deixa a gente perto, vez por outra me olhava e, entendimento meu, esboçava um sorriso aliviado, como quem pensa que dois ou três estão entendendo e então já valeu a missiva.
Sem muito falar com o peso de palavras sérias de pai, mais com dizer de prosa, de conversa na sala, o pai emprestado desdizia um punhado de coisas, quase todas as coisas que padres sempre dizem, que a igreja sempre diz. Trocava tudo por um conceito, qual seja: Fraternidade
Assim falava ele.
Cantar não é preciso, nem baixo, nem alto. Isso é a parte da festa, da celebração. O homem inventou isso, não foi Deus, Ele não precisa disso e nem está preocupado com o canto, isso não muda nada. Rezar, também não precisa, não muda nada. Se rezar fizer bem, faz a você, Deus não precisa de reza. Pedir, suplicar, fazer promessa... nada, coisa inventada pelo homem. Deus vê tudo, você não precisa avisar a Ele. Tua religião não importa, o homem criou as religiões, Deus não está preocupado com a tua religião. Vir a missa, não precisa, pode ficar em casa, missa é invenção do homem, Deus não criou a missa. Se você tem mais facilidade de se acalmar, de apaziguar a alma estando na igreja, com outras pessoas, rezando e cantando para se sentir perto de Deus, ótimo, venha. Gosta de outro tipo de templo, ou de casa. Gosta de outro tipo de celebração, vá, ou não vá. Isso não importa. Mas Deus não vai te dar algo em troca por isso, isso não vai te salvar ou condenar, não há nenhuma importância nisso para Deus, só para você... e assim é tudo que cerca o que você vê aqui, inclusive eu.
Naquela missa a igreja estava lançando a campanha da fraternidade do ano de 2009 cujo lema era Fraternidade e Segurança Pública. Programações e coisarada que envolvem esse evento anual católico. E o padre, que ia se aposentar, talvez motivado por isso, já que os chefes não poderiam mais lhe encher os pacovás, perdoava a gente de tudo, livrava de tudo. Fraternidade, só isso. Nenhum dogma, nenhuma doutrina, nenhuma obrigação para seguir. Fraternidade, segundo o padre, o único mandamento vindo de Deus. Nenhum outro mandamento, só esse. Frizava, único. Todo o resto, segundo o padre, inventados pelo homem. Podem até ser bonitinhos, mas completamente humanos, desnecessários para Deus. Encerrou o sermão olhando para os fiéis, geralmente infiéis e quase sempre com cara de paisagem dizendo que, qualquer um que estivesse por ali, incluindo os músicos, ou que sentisse alguma obrigação de rezar, confessar e essas coisas que são da igreja para ter a sua salvação, podia ir para casa tranquilo, pois nada disso afeta a Deus, nada.
Fraternidade.
Fiquei feliz, abençoado, livre. Terminou a missa. Deus continua lá e eu cá. Um dia a gente se encontra.
11.6.12
Existir é sina do que pensa.
Sofrer é a prática do existencialista
este nunca será senão uma alma
que vê gotas cadentes nos céus futuros
encerrando amizades e amores
no porque sempre simples de ser um fato.
Inexorável é o todo já determinado
nem que se rasgue aquele que existe
vive sofrido até a felicidade
finda a vida no repouso após o gozo
aceita o retrogosto dos fins amargos.
Existir é enfim sofrer a arte
de tentar por fim sempre sorrir.
10.5.12
Fado
O menino encontra o tio, aquele tio mais querido que os outros tios, o tio que ele curte encontrar porque , sei lá, tem um jeito diferente dos outros tios. Puxa o tio veio e como é legal estar com ele. Passa o dia, tem aquele circo na cidade, há uma semana que o circo está ali. Que vontade de ir ao circo com, com, com o tio querido, porque é mais divertido ou simplesmente o menino acredita que o tio compreende melhor ele, tem alguma coisa a mais nele, faz bem ao menino. O tio se diverte, gosta do sobrinho, curte sair ou tocar violão pra ele. De repente um 'hei tio, me leva para o circo?'. Eles sabem que o circo vai voltar, talvez não o mesmo, mas outro, o menino sabe que existirão muitos momentos para ir ao circo, mas a ideia de ir naquele dia, com o tio, naquele circo que nem é tão especial, é uma alegria que se constrói no coração do menino. O tio aceita, acha legal. O menino sonha e deixa o dia seguir, está feliz com as coisas simples e realmente importantes na vida dele, como comer a pipoca antes do circo, mesmo que não seja tão boa como a da sua mãe e ele não é tão apaixonado assim por pipoca. O mundo vai seguir girando depois que forem ao cinema, antes também, se acontecer alguma coisa e não der para ir, tudo bem, essas coisas acontecem. Final do dia o tio vem até ele, que sorri com o espírito elevado, outra vez passa a mão na cabeça dele e diz 'to indo pra casa, depois a gente se fala, tchau'.
17.4.12
Boa noite ao longe
Cobre-te de sonhos
aquece tua pele em sonhos
me leva visitar teu jardim dos sonhos
Até que meu sono faça presente teu último beijo
e a boca não deixe de sentir teu último beijo
na noite que encobre teu último beijo
Meu sono caminha
é silente andejo e caminha
pelos Peris que margeiam a lagoa caminha
Que a margem sejam somente o limiar do reencontro
a respirar teus brilhos de olhar no reencontro
pois teu, amado, viajo e te reencontro
aquece tua pele em sonhos
me leva visitar teu jardim dos sonhos
Até que meu sono faça presente teu último beijo
e a boca não deixe de sentir teu último beijo
na noite que encobre teu último beijo
Meu sono caminha
é silente andejo e caminha
pelos Peris que margeiam a lagoa caminha
Que a margem sejam somente o limiar do reencontro
a respirar teus brilhos de olhar no reencontro
pois teu, amado, viajo e te reencontro
9.4.12
Lua cheia
Shams Keiir |
5.4.12
Confissão de temporal
Existem -se penso, logo...- momentos em que a precedência de eventos naturais, por conseguinte obras donas de si e maiores que nossa força, moldam intenções de movimento. A vontade de acudir, no sentido de proteger pessoas que povoam nossas melhores vontades de permanência e de se acolher nelas ou com elas, cresce com a ampliação das percepções extra e sensoriais provocadas por grandes transformações ambientais. Sonhando assim, num prelúdio de ventania atemporal, vi:
'O vento soprou o cinza sobre minha casa, as folhas de bananeira roçavam o telhado num dizer de telégrafo rápido e preciso que despertava a atenção. Entre as pessoas que se agruparam em minha mente nos seus rumores e tipos de ser, estava você. Te vi com olho de foco perfeito, mesmo distante de mim te sabia cada linha de expressão. Por ser sonho real aceitei que o balé enérgico das ondas nem sequer te lançavam névoa. Com uma âncora firme presa a balsa que te deixara ainda mais sinuosa, tapetes macios acariciando os pés, cobertores e almofadas aqueciam esse teu canto. Num sorriso combinado com um olhar de quem espreita e, feminina, mira seu querer, me fizeste um convite para repousar em teus braços. Comemos amêndoas doces.'
'O vento soprou o cinza sobre minha casa, as folhas de bananeira roçavam o telhado num dizer de telégrafo rápido e preciso que despertava a atenção. Entre as pessoas que se agruparam em minha mente nos seus rumores e tipos de ser, estava você. Te vi com olho de foco perfeito, mesmo distante de mim te sabia cada linha de expressão. Por ser sonho real aceitei que o balé enérgico das ondas nem sequer te lançavam névoa. Com uma âncora firme presa a balsa que te deixara ainda mais sinuosa, tapetes macios acariciando os pés, cobertores e almofadas aqueciam esse teu canto. Num sorriso combinado com um olhar de quem espreita e, feminina, mira seu querer, me fizeste um convite para repousar em teus braços. Comemos amêndoas doces.'
7.3.12
A espera do orvalho
É para ser notório
de mim para meu ver nem que seja
Que você quando não é aqui
me murcho
Ah! seio de amar ido tão longe
faz sentir tua vontade de mim
sem que minha boca te toque
nem que eu te beba
No assim de enquanto vou provando o intervalo
porque não sei bem guardar o passado da presença
Os preenchimentos me causam dependência
e preso nas palavras, sem fim ou teor, aumento os versos
O véu do desconforto
farfalhando com sinal bandeira
disse que teus sonhos foram contigo
e sou só num imaginar solitário
Sei porém que basta o orvalho
de um Olá! solto em tua voz
para fazer do eu folha em tom amarelado
um canteiro todo de cravos vermelhos
Teus pés são a massagem das minhas mãos
Em todo quando vou para ti de peito aberto
Caminho sem pestanejo e antes de ir te chamo
Não sei o que não sou e sendo o que sou eu te amo!
de mim para meu ver nem que seja
Que você quando não é aqui
me murcho
Ah! seio de amar ido tão longe
faz sentir tua vontade de mim
sem que minha boca te toque
nem que eu te beba
No assim de enquanto vou provando o intervalo
porque não sei bem guardar o passado da presença
Os preenchimentos me causam dependência
e preso nas palavras, sem fim ou teor, aumento os versos
O véu do desconforto
farfalhando com sinal bandeira
disse que teus sonhos foram contigo
e sou só num imaginar solitário
Sei porém que basta o orvalho
de um Olá! solto em tua voz
para fazer do eu folha em tom amarelado
um canteiro todo de cravos vermelhos
Teus pés são a massagem das minhas mãos
Em todo quando vou para ti de peito aberto
Caminho sem pestanejo e antes de ir te chamo
Não sei o que não sou e sendo o que sou eu te amo!
22.2.12
A construção do eu, mas só o meu.
Algumas preferências ditam muitas reações.
Nem todas as ações refletem.
Um passo para trás pode levar muito para trás.
Acredito que creio, ou seja, não creio.
Sou um produto que está no meio.
Um idéia guardada não fede nem cheira.
Frases curtas evitam delongas.
Nem todas as ações refletem.
Um passo para trás pode levar muito para trás.
Acredito que creio, ou seja, não creio.
Sou um produto que está no meio.
Um idéia guardada não fede nem cheira.
Frases curtas evitam delongas.
27.12.11
Intervalos
Há tempos que são não
E de não serem de ser
Nem querem ser espaço ou oração
Há tempos que não são
E de não serem de ser
Nem querem ser sós ou solidão
Há tempos que são não
E de serem de não ser
Querem ser tempo ou gratidão
Há tempos que não são
E de serem de não ser
Querem ser todos ou multidão
Há tempos que são
Há tempos que não
*Inspirado no estudo filosófico de Marcio Paludo
E de não serem de ser
Nem querem ser espaço ou oração
Há tempos que não são
E de não serem de ser
Nem querem ser sós ou solidão
Há tempos que são não
E de serem de não ser
Querem ser tempo ou gratidão
Há tempos que não são
E de serem de não ser
Querem ser todos ou multidão
Há tempos que são
Há tempos que não
*Inspirado no estudo filosófico de Marcio Paludo
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