31.1.09

Entre o cais e a névoa

Já não te quero mais
sou livre como era ontem
senti a brisa que soprou a vida no dia em que nasci
enxerguei a cor da tinta que pintou meu primeiro beijo

Posso seguir sozinho
sem a companhia da fuligem e da bruma
que me impregnaram os pulmões por toda minha descida
na chaminé da tua cozinha

Demorou para se rasgar de mim
a costura que entrelaçou nossos pêlos
que cobriu minha barriga magra
com a manta dos teus cabelos

Arrisco participar deste mono-adeus
como uma mão a abanar o ar de pedra
congelado pela falta de continuidade
entre o teu e o meu mundo

É cedo saber que não voltarás
para o lugar onde não estávamos
quando fechaste a mala do que vivemos
e desfizeste o sonho da espera.

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